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Imprensa alemã: jornais destacam Mandela e greves na África do Sul

Cascais, António6 de setembro de 2013

A África do Sul foi o país africano em destaque na imprensa alemã: Nelson Mandela abandonou o hospital. Enquanto isto, vários sindicatos iniciaram uma greve e ameaçam paralizar o país. Os jornais alemães comentam:

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O Der Tagesspiegel debruça-se sobre 'Madiba', o veterano ex-presidente de 95 anos de idade, que - mais de três meses depois de ter sido internado - abandonou o hospital no domingo passado. A correspondente do jornal, editado em Berlim, descreve o autêntico "estado de sítio" nas imediações da casa de Nelson Mandela, no bairro chique de Houghton, em Joannesburgo.

Jornalistas estão a sitiar a casa de Mandela

São centenas os representantes dos media que esperam à porta da casa de Nelson Mandela, que esteve em obras precisamente para que o ex-presidente possa ser tratado em casa. O objetivo é proporcionar a Madiba os mesmos serviços intensivos de que usufruia no hospital em Pretória. Muitos observadores não interpretam isso como bom sinal: são de opinião que Mandela foi apenas transferido para a sua casa para morrer em ambiente mais familiar.

África do Sul: mineiros em greve ameaçam dar luta

O Frankfurter Allgemeine Zeitung publica uma vasta reportagem intitulada "mineiros não querem ser tratados como burros de carga", referindo-se, naturalmente, aos cerca de 100mil trabalhadores que na terça-feira passada decidiram paralizar as minas de ouro da África do Sul. O artigo descreve a situação da seguinte forma:

Muitos sul-africanos temem que as cenas violentas do ano passado se repitam, com destaque para a mina de Marikana, onde mais de 40 mineiros morreram na sequência das greves não anunciadas previamente. Os patrões da indústria do ouro oferecem aumentos de salário na ordem dos 6,5 por cento. Mas os trabalhadores não aceitam: avisam que a inflação atinge precisamente esse valor e que já hoje os mineiros não conseguem viver do seu trabalho. Por isso o maior sindicato dos mineiros "NUM" exige aumentos na ordem dos 60 por cento, enquanto que o outro sindicato rival, AMCU, exige mesmo aumentos na ordem dos 150 por cento. Estas reivindicações parecem exageradas, à primeira vista, mas não são. Nos últimos anos os preços aumentaram drasticamente e os salários não acompanharam os aumentos: aumentaram os preços dos víveres de primeira necessidade, da energia, da água, dos combustíveis e das rendas de casa.

Indústria automóvel sul-africana teme consequências da greve


O mesmo Frankfurter Allgemeine Zeitung publica ainda um artigo sobre a greve na indústria automóvel e pergunta: será que as grandes marcas alemãs estão em risco de perder quota de mercado? O comentador aprofunda a linha de pensamento:

A indústria automóvel é uma indústria chave para a África do Sul e também para as multinacionais que lá produzem, inclusive as multinacionais alemãs. Note-se que o ramo contribui para mais de 6 por cento do produto interno bruto e ocupa mais de 100mil trabalhadores. É na África do Sul que são montados os automóveis da classe C da Mercedes, que são exportados para todo o continente africano e também para os Estados Unidos da América. A Volkswagen também produz muito na África do Sul, por exemplo todos os modelos 'Polo' com direção à direita e quatro portas.

Nigéria: diálogo inter-religioso é possível

Finalmente queremos citar um artigo do jornal die Tageszeitung sobre o conflito entre muçulmanos e cristãos na Nigéria. Nele é descrito o programa televisivo "Interfaith Forum" ("fórum interfé"), emitido duas vezes por semana na African Independent Television, a maior tv privada do país.

O objetivo do programa é combater os preconceitos existentes entre representantes das duas confissões. Básicamente consiste numa discussão em que padres cristãos conversam com 'sheiques' muçulmanos sobre questões que a todos os seres humanos dizem respeito. O programa transmite muita abertura e espírito de diálogo. Fora dos estúdios isso nem sempre acontece: a Nigéria é um enorme país com mais de 160 milhões de habitantes: metade são muçalmanos e cerca de 40 por cento são cristãos. A convivência nem sempre é pacífica. E as autoridades sentem cada vez mais dificuldades em combater a violência perpetrada sobretudo pelos islamistas do grupo Boko Haram.