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Cinco turistas assassinados na Etiópia

18 de janeiro de 2012

Os responsáveis pela morte dos turistas no norte da Etiópia, perto da fronteira com a Eritreia, ainda são desconhecidos. Addis Abeba e Asmara acusam-se mutuamente. A região é destino para aventureiros alemães.

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Região de Afar
Região de Afar

Cinco turistas, nomeadamente dois alemães, um austríaco e dois húngaros, morreram nesta última terça-feira (17/01) num ataque alegadamente perpetrado por um grupo rebelde na região de Afar, no norte da Etiópia.

De acordo com informações da emissora estatal ETV e do Ministério etíope da Informação, o grupo de oito turistas foi atacado na manhã de terça-feira por homens armados quando se encontravam junto ao vulcão Erta Ale, perto da fronteira com a Eritreia. Um turista conseguiu escapar e dois feridos foram levados pelos militares etíopes para um hospital próximo. Segundo o ministro da Informação da Etiópia, Bereket Simon, dois etíopes também foram raptados.

O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, confirmou as mortes dos turistas e o seu Ministério avisou, entretanto, sobre os riscos de viajar para aquela zona instável.

O governo etíope acusa a Eritreia de estar por detrás destas mortes, mas o país já rejeitou as acusações. A porta-voz do Partido do Povo de Afar (APP), Kuntie Moussa, também negou qualquer participação no ataque por parte deste grupo no exílio.

A proteção armada é pior"

A região perto da fronteira com a Eritreia é considerada altamente perigosa. Razão pela qual o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha já alertou para os riscos de viajar para a referida zona. “Em caso de viagens absolutamente necessárias, estas devem ser comunicadas às autoridades locais para que estas disponibilizem medidas de proteção adequadas”, adverte o Ministério alemão aos turistas.

Rio Awash
Rio Awash, na EtiópiaFoto: picture-alliance / africamediaonline

"A depressão de Danakil é habitada pelo povo nómada Afar e é famosa pelos seus fósseis. O banditismo é muito comum e os turistas que se aventuram nestas paragens são, na maior parte das vezes, cientistas, trabalhadores de organizações não governamentais ou aventureiros que pretendem visitar as maravilhas geográficas daquela que é uma das regiões mais pobres do mundo e onde os ataques são cada vez mais frequentes.

Lorenz Töpperwien, porta-voz da agência de viagens Nomad, que há anos organiza passeios na referida região, defende que como agência de viagens é preciso pesar os prós e os contras. "Por exemplo, se confiássemos só no Ministério dos Negócios Estrangeiros, estaríamos mal aconselhados. Este é uma fonte importante, mas infelizmente as informações que fornece nem sempre são as mais precisas porque nem sempre tem contatos nas zonas periféricas", explica.

Mais importante do que os alertas de segurança do Ministério dos Negócios Estrangeiros é observar de perto quem vive na região, defende o porta-voz da agência Nomad.

Na opinião de Töpperwien, a proteção armada não traz propriamente mais segurança do que os contatos com os locais. Lorenz Töpperwien acredita que esse é o principal pré-requisito, principalmente para continuar a oferecer viagens em regiões de crise. " Em algumas regiões, a proteção armada faz com que os viajantes se tornem alvo”, esclarece.

Turismo atrativo

A batalha de propaganda entre Addis Abeba e Asmara segue um padrão bem conhecido: as duas partes acusam-se mutuamente de desestabilização. Entre 1998 e 2000, a Etiópia e a Eritreia disputaram fronteiras, numa guerra que fez 70 mil mortos.

Cientistas e trabalhadores de ONGs são os principais aventureiros nesta região
Cientistas e trabalhadores de ONGs são os principais aventureiros nesta regiãoFoto: Dikka Research Project

Permanece completamente em aberto se o mais recente incidente tem um fundo político. O incidente deverá levar as autoridades etíopes a aumentar as já rigorosas medidas de segurança.

O ataque representa também um duro golpe para os esforços do governo da Etiópia de fazer do país um local fascinante para o turismo de viagens e de aventura. Operadores turísticos alemães descobriram o país no Corno de África nos últimos anos, mas na verdade não deixam claro aos turistas os problemas de segurança na região de Afar.

Autores: Ludger Schadomsky/Madalena Sampaio
Edição: Bettina Riffel/António Rocha