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PolíticaMédio Oriente

Sinwar, Younis, Haniyeh: Quem são os líderes do Hamas?

Thomas Latschan
28 de novembro de 2023

A destruição do Hamas é um dos principais objetivos de Israel na ofensiva militar em Gaza. Um dos homens mais procurados é Yehya Sinwar, tido como o mentor dos ataques de 7 de outubro. Mas não é o único.

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Yehya Al-Sinwar no Cairo, em outubro de 2019
Foto: Mohammed Salem/REUTERS

Acredita-se que Yehya Sinwar terá sido o mentor dos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas cruzaram a fronteira da Faixa de Gaza para Israel, matando mais de 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 240, segundo dados do Governo israelita.

O líder mais antigo do Hamas na Faixa de Gaza é, atualmente, um dos homens mais procurados por Israel. O Exército israelita promete eliminar o grupo Hamas, bem como os seus líderes. 

Yehya Sinwar, o "carniceiro de Khan Younis"

Considerado carismático e altamente inteligente, além de brutal e implacável, Yehya Sinwar governa o Hamas em Gaza com mão de ferro. Nasceu no campo de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 1962, e foi um dos primeiros membros do Hamas, quando este foi formado em 1987.

Sinwar também esteve envolvido na criação do braço militar do Hamas, as Brigadas al-Qasam, que realizaram ataques em Israel. Foi apelidado de "carniceiro de Khan Younis” depois de, alegadamente, ter tomado medidas extremas contra palestinianos suspeitos de colaborar com Israel.

Yehya Sinwar, líder do Hamas na Faixa de Gaza
Yehya Sinwar é o nome que está, alegadamente, por trás dos ataques de 7 de outubro de 2023Foto: Mohammed Abed/AFP

Em 1988, um tribunal israelita condenou-o a quatro penas de prisão perpétua, depois de ter sido considerado culpado pela morte de dois soldados israelitas e pelo assassinato de vários palestinianos.

Foi na prisão que Sinwar terá aprendido hebraico e, supostamente, estudado a mentalidade do "inimigo", lendo livros de personalidades israelitas famosas. Diz-se que os médicos israelitas terão salvo a sua vida ao remover um abcesso que lhe terá aparecido perto do cérebro. 

Em 2011, Yehya Sinwar foi libertado, após 22 anos de prisão, em conjunto com mais de 1.000 palestinianos, como parte de um acordo de troca de prisioneiros, em que o Hamas libertou um soldado israelita capturado.

Sinwar regressou a Gaza e ficou responsável pela ligação entre os braços militar e político do Hamas. Em 2017, tornou-se líder do grupo islamista na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou recentemente Sinwar de sacrificar deliberadamente civis palestinianos nos combates contra Israel.

Mohammed Deif, o líder das Brigadas al-Qasam
Deif nunca aparece em público e é um dos homens mais procurados por IsraelFoto: HO/AFP

Mohammed Deif, o "gato com nove vidas"

Mohammed Deif lidera o braço militar do Hamas, as Brigadas al-Qasam, desde 2002. Israel afirma que Deif foi responsável por vários ataques suicidas e pela morte de dezenas de soldados e civis israelitas.

Deif também é considerado um dos responsáveis pelo extenso sistema de túneis do Hamas em Gaza, e é acusado de ter planeado e liderado os ataques de 7 de outubro. O Exército israelita afirma que Mohammed Deif é um dos alvos a abater durante a operação militar em curso. 

Deif é um dos homens mais procurados por Israel desde 1995. Esteve preso temporariamente em 2000, mas conseguiu escapar durante a turbulência da segunda intifada, uma revolta armada palestiniana que durou entre 2000 e 2005.

Acredita-se que tenha sobrevivido a sete tentativas de assassinato, que o deixaram gravemente ferido e mataram vários membros da sua família. Diz-se que Deif perdeu um olho, um pé e parte do braço, mas a sua ausência em público impede quaisquer confirmações. 

Marwan Issa, o vice-comandante-chefe das Brigadas al-Qasam

Marwan Issa também nasceu num campo de refugiados em Gaza. Pouco se sabe sobre a sua juventude, mas diz-se que ele pertencia ao ramo palestiniano da Irmandade Muçulmana, a organização da qual emergiu mais tarde o Hamas.

Issa cumpriu pena de cinco anos de prisão em Israel durante a primeira intifada (1987-1993). Em 1997, foi detido pela Autoridade Palestiniana, mas libertado após o início da segunda intifada, em 2000. Hoje, é o vice-comandante-chefe das Brigadas al-Qasam e o braço direito de Deif.

Também sobreviveu a várias tentativas de assassinato por parte de Israel e mantém-se no topo da lista de procurados do país.

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Líderes do Hamas no Qatar: Ismail Haniyeh e Khaled Mashaal

Tendo em conta que dois dos líderes mais importantes do Hamas não estão em Gaza, mas no Qatar, será provavelmente difícil para Israel extinguir completamente o grupo. Ismail Haniyeh, geralmente considerado o líder supremo da organização, também nasceu num campo de refugiados em Gaza.

Haniyeh frequentou uma escola das Nações Unidas e estudou na Universidade Islâmica de Gaza, onde terá tido contacto pela primeira vez com movimentos independentistas palestinianos. Foi nomeado diretor do departamento de Filosofia em 1993 e, em 1997, tornou-se secretário pessoal do fundador do Hamas, Ahmed Yassin.

Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro da Autoridade Palestina pelo presidente Mahmoud Abbas depois do Hamas conquistar a maioria dos assentos nas eleições legislativas de 2006.

No entanto, Ismail Haniyeh foi demitido um ano depois, após uma onda de violência do Hamas para expulsar o partido Fatah, de Abbas, da Faixa de Gaza. Haniyeh recusou-se a sair do cargo e o Hamas continuou a governar a Faixa de Gaza, enquanto a Fatah permanece responsável pela Cisjordânia ocupada.

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Em 2017, Haniyeh foi eleito chefe do gabinete político do Hamas, sucedendo a Khaled Mashaal.

Mashaal nasceu na Cisjordânia em 1956 e estudou Física na Universidade do Kuwait. Mais tarde, viveu na Síria e na Jordânia e foi membro fundador do gabinete político do Hamas, tornando-se presidente em 1996. Mashaal apelou a ataques contra Israel e sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1997, pela Mossad, os serviços secretos de Israel. 

Em 2012, viajou para Gaza pelo Egito para celebrar o 25º aniversário da fundação do Hamas. Foi a primeira vez que pisou territórios palestinianos em 45 anos. Em 2017, deixou o cargo de chefe do gabinete político do Hamas para dar lugar a Haniyeh, e é agora chefe do gabinete de política externa da organização.