1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Datafolha: 80% acham que Lula tem razão em criticar o BC

3 de abril de 2023

Petista vem fazendo críticas frequentes ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Para 71% dos entrevistados, Selic está mais alta do que deveria.

https://p.dw.com/p/4PdIT
Lula fala ao microfone
Em 23 de março, Lula voltou a criticar Campos Neto após o Copom ter decidido, pela segunda vez no atual governo, manter a Selic em 13,75% ao anoFoto: Valter Campanato/Agência Brasil

Na queda de braço entre Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central, a maioria dos brasileiros acredita que o presidente está com a razão.

Para 80% da população, Lula está agindo bem ao pressionar o Banco Central a baixar a taxa básica de juros, a Selic, mostra uma pesquisa Datafolha divulgada na noite de domingo (02/04). Para outros 16% dos entrevistados, ele age mal.

O levantamento também mostra que 71% dos entrevistados acham que a taxa básica de juros – atualmente em 13,75% ao ano – , está mais alta do que deveria. Desses, 55% acreditam que está muito mais alta do que deveria, e 16% que está um pouco mais alta.

Desde que assumiu o seu terceiro mandato presidencial, Lula vem fazendo críticas à alta taxa de juros e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo em fevereiro de 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro. 

O principal objetivo da política de juros do Banco Central é controlar a inflação. Desde fevereiro de 2021, a instituição tem autonomia em relação ao governo, o que significa que Lula não pode demitir seu presidente ou diretores, que têm mandatos de quatros anos.

Maior apoio entre os pobres

O apoio à posição de Lula sobre os juros é maior entre os mais pobres. Entre os que ganham até dois sálários mínimos, 85% acham que o presidente está correto em pressionar o BC, quase o mesmo percentual no universo dos brasileiros com até o ensino fundamental (84%) e um pouco menor que entre os desempregados e os que estão sem procurar emprego (91%).

Entre os que discordam de Lula, o percentual é de 24% entre os brasileiros com ensino superior e 28% entre os empresários. Mesmo entre os eleitores de Bolsonaro, a Selic está mais alta do que deveria (77%).

O Datafolha entrevistou 2.028 pessoas em todo o Brasil, nos dias 29 e 30 de março, em 126 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Autonomia do BC

Campos Neto é o primeiro presidente do Banco Central após a Lei Complementar 179, que instituiu a autonomia na presidência da autarquia federal. O mecanismo estabelece mandatos de quatro anos para presidente e diretores do BC, com o objetivo de blindá-los de eventuais intervenções por parte do Executivo na definição da Selic e no controle da inflação.

Definida pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, a Selic está no patamar atual desde agosto de 2022. Em 23 de março, Lula voltou a criticar Campos Neto após o Copom ter decidido, pela segunda vez no atual governo, manter a taxa em 13,75% ao ano.

"Eu digo todo dia: não tem explicação para nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação", afirmou Lula.

Por um lado, economistas ouvidos pela DW afirmam que as pressões de Lula sobre Campos Neto para baixar a Selic são uma maneira de transferir a responsabilidade para a instituição por um provável baixo crescimento econômico neste ano – 0,9% segundo o último boletim Focus. Já analistas políticos apontam para uma proximidade do atual presidente do BC com Bolsonaro que causa desconforto no atual governo.

Nesta segunda-feira (03/04), Lula afirmou acreditar que o Brasil crescerá neste ano mais do que o estimado pelos analistas do mercado financeiro, cujas projeções baseiam o boletim Focus. "Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando que vá acontecer. E vai depender muito, mas muito da disposição do governo", disse o presidente.

le/bl (ots)