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Em busca dos desaparecidos da Segunda Guerra

Christoph Hasselbach (md)7 de maio de 2015

Cruz Vermelha da Alemanha localiza há 70 anos o paradeiro de quem sumiu em consequência do conflito. Criado em 1945, serviço ainda recebe anualmente 10 mil pedidos relacionados ao período.

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Prisioneiros de guerra alemães: entre 1945 e 1950, cerca de nove milhões de casos foram resolvidosFoto: picture alliance / akg-images

No final de 2014, a aposentada Helga Worzischek, de 74 anos, preencheu um formulário de busca online da Cruz Vermelha Alemã. Ela queria saber o que havia acontecido com seu pai, Emil Zippro, que não havia retornado do front oriental na Segunda Guerra.

"Depois de realizar uma pesquisa, minha mãe deixou meu pai ser declarado morto", escreve Worzischek no site do serviço de busca. "Não tenho lembranças de meu pai. Mas quanto mais velha fico, mais penso nele e no que pode ter acontecido com ele até sua morte, em algum lugar na Rússia."

O serviço de pesquisa conseguiu descobrir que o soldado muito provavelmente foi capturado pelos soviéticos em 24 de março de 1945 em Gdansk. Ele foi mantido em vários cativeiros e morreu de fraqueza corpórea generalizada em 16 de abril de 1948, no campo de prisioneiros de Orsk, 1.800 quilômetros a sudeste de Moscou.

Helga Worzischek, que por muito tempo viveu com incerteza sobre seu pai, finalmente obteve uma resposta. Ainda hoje, 70 anos após o fim da Segunda Guerra, os destinos de milhões de pessoas são esclarecidos graças ao serviço de procura da Cruz Vermelha alemã.

Mais de 1 milhão de casos em aberto

Pouco depois de a guerra acabar, um em cada quatro alemães procurava ou era procurado. Entre 1945 e 1950, o serviço de rastreamento da Cruz Vermelha conseguiu, em nove milhões de casos, unir pessoas novamente.

Na época, fichas com dados pessoais dos requerentes eram comparadas com as dos soldados que retornaram. Hoje, o serviço tem bancos de dados digitalizados. Isto torna a busca muito mais rápida. Mas talvez o mais importante seja o fato de que a Cruz Vermelha tem agora acesso a antigos documentos soviéticos.

Screenshot DRK Suchdienst
Página da Cruz Vermelha Alemã: busca também serve para localizar refugiadosFoto: www.drk-suchdienst.de

"O Exército Vermelho registrava meticulosamente os dados dos prisioneiros de guerra", afirma Ronald Reimann, vice-diretor do serviço.

O serviço ainda recebe anualmente cerca de 10 mil pedidos relacionados com a Segunda Guerra Mundial. E cerca de 1,3 milhão de destinos desse período ainda não foram esclarecidos.

Mas cada nova guerra, cada novo conflito, cada desastre natural separa famílias, ocasionando novos desaparecimentos. Isso ocorreu também durante as guerras na antiga Iugoslávia, na primeira metade da década de 1990.

"Hoje, o serviço de busca da Cruz Vermelha se preocupa também com os refugiados que estão a caminho da Europa, que muitas vezes são separados uns dos outros em circunstâncias dramáticas", frisa Reimann. "Para isso, criamos um site, chamado Familylinks, em que publicamos fotos dos que procuram, acompanhadas de textos como 'procuro minha esposa', 'procuro meu irmão' ou 'procuro meu filho'".

Privacidade protegida

O serviço de busca evita deliberadamente a divulgação de dados pessoais, a fim de proteger a privacidade das pessoas afetadas. Ronald Reimann reconhece que a instituição entra num terreno legalmente sensível quando ajuda refugiados a não serem encontrados pelas autoridades.

"Mas, para nós, como Cruz Vermelha, a independência é algo muito importante, e isso também inclui independência de agências governamentais", justifica.

Symbolbild - Flüchtlingsboot Mittelmeer
Migrantes que perdem familiares durante fuga para a Europa também podem recorrer ao serviçoFoto: Italienische Marine/dpa

Ele ressalta que todos os que recorrem ao serviço podem ter a certeza de que a informação fornecida permanecerá confidencial. Os envolvidos também têm que dar sua autorização para que fotos sejam divulgadas na internet.

Na Alemanha, uma lei sobre proteção de informações privadas em serviços de busca garante que todos os dados sejam utilizados exclusivamente para fins de serviço de pesquisa. "Nós não temos troca de informações, por exemplo, com autoridades de imigração", frisa Reimann.

Ele acredita que o serviço de rastreamento da Cruz Vermelha também continuará existindo no centésimo aniversário do fim da Segunda Guerra: "Na Alemanha, o serviço tem muito a ver com as consequências do conflito. Mas hoje há 50 milhões de refugiados. E essa condição de refugiados leva a que muitas famílias sejam separadas."